sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Prenhe de razão

"E nada como um tempo após um contratempo
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando, até quando...

NÃO, NÃO, NÃO!"

(Chico Buarque - Jorge Maravilha)


Eu quero mais respeito com o meu coração, quero também um bom sorriso, um bom afago e nada mais... nada mais...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A gama do vazio

(...)
"Quis defender-me contra todos os homens, reagir contra sua loucura, descobrir sua origem; escutei, vi e tive medo: medo de agir pelos mesmos motivos ou por qualquer outro motivo, de crer-nos mesmos fantasmas ou em qualquer outro fantasma, de deixar-me afogar pelas mesmas embriaguezes ou por qualquer outra embriaguez; medo, enfim, de delirar em comum e de expirar em uma multidão de êxtases. Eu sabia que ao separar-me de uma pessoa despojara-me de um erro, que estava pobre da ilusão que lhe deixava…

Suas palavras febris a revelavam prisioneira de uma evidência absoluta para ela e irrisória para mim; ao contato de seu absurdo, despojava-me do meu… A quem aderir sem o sentimento de enganar-se e sem enrubescer? Só pode justificar-se aquele que pratica, com plena consciência, o disparate necessário para qualquer ato, e que não embeleza com nenhum sonho a ficção a que se entrega, do mesmo modo que só se pode admirar um herói que morre sem convicção, tanto mais disposto ao sacrifício quanto entreviu seu fundo.

Quanto aos amantes, seriam odiosos se no meio de suas caretas o pressentimento da morte não os roçasse. É perturbador pensar que levamos para o túmulo nosso segredo — nossa ilusão —, que não sobrevivemos ao erro misterioso que vivificava nosso alento, que excetuando as prostitutas e os céticos todos se perdem na mentira, por que não adivinham a equivalência, na nulidade, das volúpias e das verdades.

Quis suprimir em mim as razões que os homens invocam para existir e para agir. Quis tornar-me indizivelmente normal — e eis-me aqui, no embrutecimento, no mesmo plano que os idiotas e tão vazio como eles."

Emil Coiran - A Gama do Vazio

sábado, 7 de agosto de 2010

esqueço do calor

~ Saborosa sensação
De te ter mais uma vez
Dividir todo recheio
Sem ter medo de viver ~


tenho saudades do tempo que passou, de quando eu era uma menina alegre que brincava com barbies e bolinhas de gude... Tanto tempo passou, e eu estou aqui sem sonhos e sem vontades inusitadas, me transformei num ser extremamente racional. Já me perdi em horas filosofando, falando bobagens, tomando vinho e fumando maconha; hoje apenas falo de ciência e objetividades, metodologias e como provar as coisas e acabo me esqueço de tomar vinho, de fugir, de me tornar irracional, de sorrir e falar bobagens, de beijar todo mundo na mais pura demonstração de carinho, de fazer tudo o que outrora fazia. Onde está o "eu" que se perdeu? E quem é esse aí que tomou posse de tudo, transformou tudo em cima e que não dá satisfação a ninguém?

Eu quero meu lar de volta! eu quero as minhas inseguranças de volta! quero meu quarto avermelhado no lugar de sempre...

e logo eu que nunca me envolvi com seu ninguém, que me fazia entender com poucas palavras, que me satisfazia com meros beijos; hoje me vejo estressada por falta de algo que nem é tão bom, que nem é tão necessário, que nem é tão satisfatório. Prefiro ouvir música, pra falar a verdade.

e aquele tempo que eu comia goiaba com leite, cadê? e quando tomava tanta vitamina de banana com pão e ovo? Se perdeu... Nem sequer lembro do tempo do kiwi, do tempo do leite gelado espumante com nescau, nem do tempo que eu tinha amigos que dormiam na minha casa..

agora eu mal falo, mal saio, mal bebo, mal sei pintar ou escrever... cadê a minha sonoridade? cadê a minha essência? se perdeu no meio da racionalidade...

Eu quero brincar de amarelinha na areia da praia, quero vomitar bêbada, quero falar o que sinto sem ter medo das pessoas e quero me locomover sem dizer para onde vou. Também quero miojo na panela, american pie na tv e alguma alienação, por favor.

fim.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Pitangueira

A pitanga é o fruto da pitangueira. Tem a forma de dupra globosa e carnosa, com as cores vermelhas, amarela ou preta. Na mesma árvore, o fruto poderá ter desde as cores verde, amarelo e alaranjado até mesmo a cor vermelho intenso de acordo com o grau de maturação.

É bom abraçá-la e me sujar da sua tinta vermelha. Olhos de pitomba, boca de pitanga.