segunda-feira, 9 de novembro de 2009

É tanto desamor

Era tanto amor, agora é apenas sal na água. Dissolvido que nem se pode notar.
E não me venha dizer que é coisa da vida perder um amor, porque não é.
Dói silencioso a dor da partida, como um corte de papel num dedo mergulhado num copo com suco de limão. Dói. E machuca.
Não dava para ver as placas de “perigo à vista”, não dava para ver os buracos na rodovia, não dava para ver.
O foda é quando se chega lá e já não sabe como voltar.
Às vezes nunca se volta.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sol e Chuva

É como um suspiro: profundo e rápido. Girou minha mente em 180° e sequer impedi. Gostava desse jeito de levar a vida. Foi tudo que fiz, naveguei por esse mar desconhecido, talvez morto, mas sempre me sustentando na sua superfície. Um salto no escuro, mas foi um salto que quis dar. Hoje não faz sentido algum. Nem os suspiros, nem a loucura estabelecida, nem a navegação e muito menos o salto.

Hoje o sentido vem quando coloco a mão no rosto da minha escolhida, da que faz valer à pena. Todas as minhas dores, todos os meus choros foram aniquilados pelo simples prazer de ser amado. Amado.

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"Corre pra varanda e vem cá ver
faça sol ou chuva, um lindo dia vai nascer
Flores nascerão nesse jardim
Nuvens no horizonte dessa imensidão sem fim
O que trarão a mim?"

domingo, 25 de outubro de 2009

Nascer e apenas viver

Seca da alma
o costume da beleza
a falta de pensamento
tudo que se quis já foi feito
o bonito, o feio
moldes faceis de alta definição
herdeiros do fim do mundo
vida imaginária
o caminho está errado
existem outras portas
onde está escrita a palavra
"Liberdade".
Só e somente só.
ela está aberta, você viu?
. quando o dia nascer e morrer .

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Resistência

A resistência se foi.
Mais um renegado do sistema acaba de partir
A bicicleta que o comportava mudou o rumo e acabou se perdendo.
A formiga renegada, os olhos do rio
A raiz na cabeça e a liberdade nos pés.
O sistema será quebrado, a luta continuará.
Resistência? já.
"Eu não sei viver triste e sozinho, essa é a minha condição"
Cansei de lutar por hoje...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Splash shine

Eu nunca deixei de esperar
porque nunca deixei de querer
e se não existisse
teria que inventar
de carne e osso
de retalhos de pano
alvoroço.
É um pedaço de mim que se perdeu
uma falta, uma lacuna.
Eu sou sua, você é minha
um tonto mar no vai e vem.
Eu te inventaria
só para que eu existisse também.
"Eu te levo e trago e não passo e está tudo bem, tá tudo bemSe eu desmonto e disfarço é porque você não vem, você não vemMas se eu peço e renovo é porque eu te quero bem, te quero bem"

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Leve e imagina

Seu pé meio torto enrosca no meu durante a noite, alguns calos saltam dos seus pés.
Quando durmo e sonho com ela, me parece ser uma bailarina, daquelas que fazem do desassossego um ritmo para a dança.
Meio tortinha, como sempre foi, mas tão simplória em seus passos em sintonia.
Tinha medo de vê-la dançar, pois poderia passar-me mal com tanta naturalidade.
Ela, provavelmente, tinha asas nos pés, mas tudo bem, eu sabia voar. E dançar.
"Ela era ela, era ela no centro da tela daquela manhã. Tudo que não era ela se desvaneceu"

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

novo líder

Sensação boa essa de sentir o cheiro de uma pessoa do passado. Ela tem nome de sol e um cheiro doce que me fez amolecer com sua presença. Tão simplória que chega a ser meu número, ela não sabe, mas é. Cada palavra que saia da boca dela, fazia-me sorrir de um jeito bobo, que chegava a ser lindo, porém vergonhoso.
Aquela menina de tempos atrás voltou à tona dentro de mim. Como se fosse a esperança surgindo dentre os seus poros para mim. Ela tem nome de sol, mas é a esperança em pessoa. Queria inteira para mim.


"Tantos rodeios para me roubar coisas que dele já são"

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

não quero falar só de amor

Persegue-me. Sinto sua navalha atravessar meu órgão, como uma serra elétrica na árvore. Com nojo, me cospe uma saliva amarelada e cheia de raiva. Eu não ligo. Gosto de ser tratado como lixo. Por vezes viera me visitar, com a mesma cara e a barriga peluda a mostra, me fala coisas que eu não queria ouvir. Mais uma vez navalha. Peço para que me leve ao lavatório, nega-me ajuda. Ordeno-lhe que vá embora e este vai. Nunca volta. (não) Vai ser melhor assim.

"Nem precisa razão
Nem me amar tanto assim
Então vá, saia de mim "

domingo, 6 de setembro de 2009

Alvoroço do medo

É o medo da dor que me consome, me corta, estraçalha. Tenho medo da morte. De passar do limite da vida, do limite do meu sonho perfeito.
Sinto-me presa nessa imensa esfera azul, onde somos iscas de peixe todos os dias. Esperamos nos tornar comida da sociedade, do mundo.

Tenho medo do mundo.

Tranco-me dentro de mim, esperando ser salva pelo Deus não-existente que todos julgam conhecer tão profundamente. A fé ajuda a sobreviver no mundo caótico que é a terra, ajuda o homem a não sentir o lixo do mundo, uma espécie fracassada.

Tenho medo dos homens.

Vontade de chorar dá, sabe, mas seguro. Não é autorizado mostrar-se fraco nesse mundo. Lágrimas não geram dinheiro. Nem amor.

O medo sobe por minha perna, se prende no meu tórax, gruda em meus ouvidos e tapa meus olhos. Apossou-se de mim, da minha juventude, da minha alegria de menina pobre. Tomou-me tudo, até a cor dos meus olhos cor de céu.

O meu medo de ter medo de ter medo.
@ Marisa Monte - Satisfeito.mp3