domingo, 9 de junho de 2013

sem demora

É tu que me empurra pra frente, é tu que me mantém na continuidade.
É tu que me fez parar de desistir das coisas.
É tu que me deixa ser eu.

É com tu que eu consigo air guitar sem ficar com vergonha por ter alguém olhando,
é com tu que eu canto porque eu não tenho vergonha se vai ter alguém ouvindo,
é com tu que eu falo coisas que não falo para mais ninguém.

É o meu amor, a minha amiga mais presente, é quem compra coisas que vão me fazer feliz.

Foi depois dela que eu passei a dormir de conchinha e a babar no braço dela enquanto durmo, sem nem me importar.

É alegria casada com a saudade.

É a companhia que não quero que vá embora.


Obrigada por me ajudar a continuar as coisas que eu comecei. E por não desistir de mim. E por não medir esforços para me fazer sorrir.

E isso nem é um post, nem nada.. é só o eu falando pro teu que o nosso é muito melhor.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Para se tornar clichê

Eu seguro tua mão tentando deter o teu carinho no meu rosto. Você se irrita e vira para o outro lado. Eu arrumo teu cabelo enquanto você amarra meus sapatos.
Nós andamos na rua, mas não seguramos as mãos. Deve ser a vergonha de parecer um casal e ter que aguentar os olhares alheios. Mas eu te beijo a boca mesmo estando nós expostos na rua.
Eu te beijo quando meu corpo está dotado de desejo, um desejo sadio e vivo que inunda o ser pulsante que eu sou.
Eu pulso quando você pulsa, seguro a tua mão freando o carinho porque eu tenho medo. Medo de me doar para algo que não sei se sou forte suficiente para segurar. Eu não sou grande suficiente para engolir o amor que você me enfia goela adentro.
Você ouve quando eu grito um grito sem som?
É a minha alma saindo de mim. Sou eu me entregando...
Escrevo em você as coisas que eu queria ter inventado, inúmeras coisas que me representam, mas não são minhas.
Eu te afasto e te agarro num mesmo impulso.
Eu grito por você, mas quando você vem, eu te expulso.
Quando você me tem amor, eu tenho sufoco. Quando você não me tem nada, eu tenho carência.

Eu te escrevo porque eu não sei falar.

Tenho medo de sentir. O que eu sinto por dentro tem medo de segurar tua mão e não querer mais largar.

É vontade de casinha com cercas brancas, vontade de cores na casa e festinhas no quintal. É vontade do clichê. Vontade do demodê.

Vem desenhar o nosso mundo comigo, mas tem calma, por que eu só conheço o cinza.
Pega esse pincel e pinta a minha cama com as tuas cores.

Casa comigo. Eu, você, um gato, um cachorro. Um clichê. Moderno.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

(e como)

"Você duvidou quando eu disse que ao passar na minha rua todos saberiam que te amo?" Porque eu pintei em todos os muros amarelos o teu nome de vermelho; pintei em todos os postes os teus cílios alongados; pintei em todos os portões o dia em que você sorriu para mim; colei em todas as janelas o desenho do teu coração dentro do meu; pendurei em cada árvore as nossas fotos em silêncio, apenas olhando um pro outro sem necessidade de falar; colori as calçadas com as tuas cores de flor, perfumei toda a fumaça com o teu cheiro de criança; pintei o céu de azul há muio tempo que até parece natural.

Você duvidou que você seria na minha vida esse vendaval? Mudou a ordem indesejável das coisas, mudou de cor o que antes não era nada. Colei tuas fotos dentro da casa querendo colar do lado de fora, só para que os outros pudessem ver os seus olhos castanhos, seus olhos de menina doce, doce seja. Pendurei um varal para você se pendurar, se quiser...

Você duvidou quando eu disse que ao passar na minha vida todos saberiam que te amo?
Eu te risquei em mim, como um rabisco, um traço de caneta mal feito, sem cor, torto.
As cores estão dentro, as tuas cores estão em tudo, na grandeza do balão que sustenta no ar a leveza da âncora.

Todos saberão que te amo. (e como)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

hora do almoço

Sou uma panela de barro grande. Misturo em mim todos os ingredientes do mundo, atrás dos sabores mais diversos, buscando o sabor que não consigo dar nome. Misturo em mim o tempero de todo mundo, me alimento da diversidade do outro, a diferença do outro, do cheiro que o outro dar a casa. Dentro da minha panela, coloco pedaços das mais variadas pessoas, misturo com leite ou vinho, sal ou açúcar, afim de chegar no ponto exato do meu paladar. Experimento todos os pedaço separadamente, saboreando o que cada pedacinho me dá: sabor e êxtase. Paladar é êxtase. Orgasmos culinários. Eu mastigo todos os pedaço de todo mundo para, assim, me constituir no meio do meu ego. Salivo ao me alimentar do que o outro me dá. Dá-me o corpo, a alma, um pedaço de pescoço, um pedaço da bunda, o pedaço do útero. Se joga na minha panela para que eu possa te provar.

Depois de horas cozinhando, as coisas se dissolveram dentro da panela e se misturaram uma a outra. Quem sabe o que é o que? O que eu como aqui, eu não sei o que é. O que será que estou comendo? Um pedaço de flor ou um pedaço do mundo?

Dentro da minha panela só existe espaço para o todo, não o separado. Prova-te.

sábado, 16 de março de 2013

Tudo é divino e maravilhoso

Serve logo numa bandeja meu coração cru e coberto de sangue. Come logo com as mãos porque eu sei da tua pressa, sei da tua fome e tu bem sabe da minha também. Serve como banquete meu coração no centro da mesa, como um porco que nem a pele foi tirada, maçã na boca, olhos vivos e medrosos. Serve-me no centro da mesa, meu coração na boca. Faz isso para as pessoas olharem meus olhos vivos e medrosos, meus gritos silenciados pelo medo, meu desespero explanado na minha pele. Qualquer um que me vê consegue ver minha dor através da minha pele. Lateja. Lateja. Faz um prato de mim, me acompanha com o resto de mim, me engole, faz eu habitar dentro de você, faz eu te fazer viver, me traz pra dentro de você e alguma forma, mas não me deixa estragar ao ar livre.
Me faz você, me consome, me toma. Me faz ser você pelo menos na hora do jantar.
Sou tão ruim assim?


Choro por outra coisa, uma coisa além-tempo, uma coisa do passado que ainda lateja no meu presente. Um passado que, mesmo sendo água, não escorre entre meus dedos, permanece ali, petrificada, límpida e cheio de si.

sexta-feira, 15 de março de 2013

que amor era esse que não saiu do chão?

É preciso muito mais que segurar as mãos para gostar de alguém. Não dá pra competir com relações duradouras, enquanto o que se tem a oferecer é temporário e vago, tão diferente do que já está construído pelo tempo e pelo conforto.
Aquela que pensa em mim o dia inteiro gasta as horas com uma outra que lhe tem amor, mas é um amor que dói, que machuca e transborda pelos olhos como um balde cheiro até a boca, molha o chão, ensopa o tapete e inunda a casa.
Enquanto pensei em delegar a ti uma tarefa que ninguém poderia executar, eu ia me apaixonando pelo jeito que você pega a minha mão.
Mas de que são feitas as relações se não podem ser regadas de quereres e vontades? Até aonde vão as limitações do querer? Do querer, a saudade. A certeza de que faltou mil coisas a aprender, a desejar e a fazer com ela. Vontades estas que ficaram no passado, tarefas inacabadas que passaram do prazo de validade.
Não é preciso muito mais para existir saudade.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

blue

Agora qualquer desculpa boba é desculpa suficiente para pousar um cigarro entre os dentes. Ando triste, querido amigo, ando triste... e são nos meus momentos tristes que eu busco afago nos braços do meu cigarro. Quanto mais fumo, mais triste estou. Será moda estar triste? O que foi que as obsessões fizeram com a gente? Os vícios diários, alguns embasados na infância, alguns criados ou reproduzidos pelo envolvimento com o mundo a redor. Alguns vícios são suplícios de salvação. "Vem, me ajuda aqui, eu não sei fazer sozinha o que estou designada a fazer", nem em mil anos vão entender o que os pequenos vícios significam. Alguns fumam incessantemente seus cigarros, outros tentam fugir da realidade apática usando suas drogas ilícitas, outros vivem em simbiose com seus aparelhos celulares ou com o computador, alguns outros comem, outros dormem.

Ando triste, sabia? Mas por quê? Eu tenho de tudo, tenho meus amigos e minha mãe anda me sustentando enquanto eu viro parasita da universidade. Finjo viver a rotina que cada vez mais se desenvolve em mim em forma de psicose. Quando foi que eu esqueci quem eu era? Qual foi a hora que eu me perdi de quem eu era? Enquanto uns tantos vivem sua vida de forma mágica, eu só tenho medo de viver. Escondo-me atrás das almas desconhecidas em cadeiras enfileiradas, atrás dos meus óculos escuros, dentro do carro com os vidros fechados, atrás do meu cigarro e atrás do amor que eu finjo sentir.

Mas enquanto eu tento tirar a nódoa da minha alma, vou matando a cada instante meu corpo, tentando suportar a dor e a ânsia de não ser eu.

Desculpa, amigo, se te perturbo tanto com essas conversas que de nada falam de mim e sim de uma pessoa que se perdeu no caminho pra cá.