quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Leve e imagina

Seu pé meio torto enrosca no meu durante a noite, alguns calos saltam dos seus pés.
Quando durmo e sonho com ela, me parece ser uma bailarina, daquelas que fazem do desassossego um ritmo para a dança.
Meio tortinha, como sempre foi, mas tão simplória em seus passos em sintonia.
Tinha medo de vê-la dançar, pois poderia passar-me mal com tanta naturalidade.
Ela, provavelmente, tinha asas nos pés, mas tudo bem, eu sabia voar. E dançar.
"Ela era ela, era ela no centro da tela daquela manhã. Tudo que não era ela se desvaneceu"

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

novo líder

Sensação boa essa de sentir o cheiro de uma pessoa do passado. Ela tem nome de sol e um cheiro doce que me fez amolecer com sua presença. Tão simplória que chega a ser meu número, ela não sabe, mas é. Cada palavra que saia da boca dela, fazia-me sorrir de um jeito bobo, que chegava a ser lindo, porém vergonhoso.
Aquela menina de tempos atrás voltou à tona dentro de mim. Como se fosse a esperança surgindo dentre os seus poros para mim. Ela tem nome de sol, mas é a esperança em pessoa. Queria inteira para mim.


"Tantos rodeios para me roubar coisas que dele já são"

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

não quero falar só de amor

Persegue-me. Sinto sua navalha atravessar meu órgão, como uma serra elétrica na árvore. Com nojo, me cospe uma saliva amarelada e cheia de raiva. Eu não ligo. Gosto de ser tratado como lixo. Por vezes viera me visitar, com a mesma cara e a barriga peluda a mostra, me fala coisas que eu não queria ouvir. Mais uma vez navalha. Peço para que me leve ao lavatório, nega-me ajuda. Ordeno-lhe que vá embora e este vai. Nunca volta. (não) Vai ser melhor assim.

"Nem precisa razão
Nem me amar tanto assim
Então vá, saia de mim "

domingo, 6 de setembro de 2009

Alvoroço do medo

É o medo da dor que me consome, me corta, estraçalha. Tenho medo da morte. De passar do limite da vida, do limite do meu sonho perfeito.
Sinto-me presa nessa imensa esfera azul, onde somos iscas de peixe todos os dias. Esperamos nos tornar comida da sociedade, do mundo.

Tenho medo do mundo.

Tranco-me dentro de mim, esperando ser salva pelo Deus não-existente que todos julgam conhecer tão profundamente. A fé ajuda a sobreviver no mundo caótico que é a terra, ajuda o homem a não sentir o lixo do mundo, uma espécie fracassada.

Tenho medo dos homens.

Vontade de chorar dá, sabe, mas seguro. Não é autorizado mostrar-se fraco nesse mundo. Lágrimas não geram dinheiro. Nem amor.

O medo sobe por minha perna, se prende no meu tórax, gruda em meus ouvidos e tapa meus olhos. Apossou-se de mim, da minha juventude, da minha alegria de menina pobre. Tomou-me tudo, até a cor dos meus olhos cor de céu.

O meu medo de ter medo de ter medo.
@ Marisa Monte - Satisfeito.mp3