quarta-feira, 13 de outubro de 2010

é um eu te amo calado

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir


Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir


Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu


Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu


Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair


Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Prenhe de razão

"E nada como um tempo após um contratempo
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando, até quando...

NÃO, NÃO, NÃO!"

(Chico Buarque - Jorge Maravilha)


Eu quero mais respeito com o meu coração, quero também um bom sorriso, um bom afago e nada mais... nada mais...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A gama do vazio

(...)
"Quis defender-me contra todos os homens, reagir contra sua loucura, descobrir sua origem; escutei, vi e tive medo: medo de agir pelos mesmos motivos ou por qualquer outro motivo, de crer-nos mesmos fantasmas ou em qualquer outro fantasma, de deixar-me afogar pelas mesmas embriaguezes ou por qualquer outra embriaguez; medo, enfim, de delirar em comum e de expirar em uma multidão de êxtases. Eu sabia que ao separar-me de uma pessoa despojara-me de um erro, que estava pobre da ilusão que lhe deixava…

Suas palavras febris a revelavam prisioneira de uma evidência absoluta para ela e irrisória para mim; ao contato de seu absurdo, despojava-me do meu… A quem aderir sem o sentimento de enganar-se e sem enrubescer? Só pode justificar-se aquele que pratica, com plena consciência, o disparate necessário para qualquer ato, e que não embeleza com nenhum sonho a ficção a que se entrega, do mesmo modo que só se pode admirar um herói que morre sem convicção, tanto mais disposto ao sacrifício quanto entreviu seu fundo.

Quanto aos amantes, seriam odiosos se no meio de suas caretas o pressentimento da morte não os roçasse. É perturbador pensar que levamos para o túmulo nosso segredo — nossa ilusão —, que não sobrevivemos ao erro misterioso que vivificava nosso alento, que excetuando as prostitutas e os céticos todos se perdem na mentira, por que não adivinham a equivalência, na nulidade, das volúpias e das verdades.

Quis suprimir em mim as razões que os homens invocam para existir e para agir. Quis tornar-me indizivelmente normal — e eis-me aqui, no embrutecimento, no mesmo plano que os idiotas e tão vazio como eles."

Emil Coiran - A Gama do Vazio

sábado, 7 de agosto de 2010

esqueço do calor

~ Saborosa sensação
De te ter mais uma vez
Dividir todo recheio
Sem ter medo de viver ~


tenho saudades do tempo que passou, de quando eu era uma menina alegre que brincava com barbies e bolinhas de gude... Tanto tempo passou, e eu estou aqui sem sonhos e sem vontades inusitadas, me transformei num ser extremamente racional. Já me perdi em horas filosofando, falando bobagens, tomando vinho e fumando maconha; hoje apenas falo de ciência e objetividades, metodologias e como provar as coisas e acabo me esqueço de tomar vinho, de fugir, de me tornar irracional, de sorrir e falar bobagens, de beijar todo mundo na mais pura demonstração de carinho, de fazer tudo o que outrora fazia. Onde está o "eu" que se perdeu? E quem é esse aí que tomou posse de tudo, transformou tudo em cima e que não dá satisfação a ninguém?

Eu quero meu lar de volta! eu quero as minhas inseguranças de volta! quero meu quarto avermelhado no lugar de sempre...

e logo eu que nunca me envolvi com seu ninguém, que me fazia entender com poucas palavras, que me satisfazia com meros beijos; hoje me vejo estressada por falta de algo que nem é tão bom, que nem é tão necessário, que nem é tão satisfatório. Prefiro ouvir música, pra falar a verdade.

e aquele tempo que eu comia goiaba com leite, cadê? e quando tomava tanta vitamina de banana com pão e ovo? Se perdeu... Nem sequer lembro do tempo do kiwi, do tempo do leite gelado espumante com nescau, nem do tempo que eu tinha amigos que dormiam na minha casa..

agora eu mal falo, mal saio, mal bebo, mal sei pintar ou escrever... cadê a minha sonoridade? cadê a minha essência? se perdeu no meio da racionalidade...

Eu quero brincar de amarelinha na areia da praia, quero vomitar bêbada, quero falar o que sinto sem ter medo das pessoas e quero me locomover sem dizer para onde vou. Também quero miojo na panela, american pie na tv e alguma alienação, por favor.

fim.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Pitangueira

A pitanga é o fruto da pitangueira. Tem a forma de dupra globosa e carnosa, com as cores vermelhas, amarela ou preta. Na mesma árvore, o fruto poderá ter desde as cores verde, amarelo e alaranjado até mesmo a cor vermelho intenso de acordo com o grau de maturação.

É bom abraçá-la e me sujar da sua tinta vermelha. Olhos de pitomba, boca de pitanga.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Fato

Cheguei a conclusão: preciso de alguém ocasionalmente.

sábado, 13 de março de 2010

Arruma a mala, aê!

De novo na estrada, de novo indo embora, de novo indo embora para nunca mais voltar.

Um pedaço do coração fica agoniado, choroso, querendo ficar. Mas não fico.

Outro quer ir, levar tapas na casa, sorrisos carinhosos, abraços apertados dos meus amigos de lá, enquanto os daqui são só cartas tristes.

Saudade se sente, né?

E as raízes, o que faz com elas?




Corta-se.

quinta-feira, 11 de março de 2010

querendo entender a tua dança, querendo saber da tua vida.


Sou muito mais do que os olhos podem ver [...]

quarta-feira, 3 de março de 2010

Morada predileta

Foi ontem que chorei...
Chorei de medo, de desespero.
É a saudade que é grande, é o medo da solidão que me pesa.

Trancada no quarto, o quarto que agora eu chamo de meu, foi que eu me fiz em mar.



O que é, o que é?

Clara e salgada, cabe em um olho e pesa uma tonelada, tem sabor de mar, pode ser discreta,
inquilina da dor, morada predileta.



E ela disse: "Aguenta, mari, aguenta.".

E eu dormi com isso pairando no ar.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

[...] É só mais um lamento [...]


Só quero sair de perto de mim.

[...] entre tantos já feitos [...]

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

fljovatik

É uma saudade infinita, doída, destrutível.

Dói na alma.

Todos soltaram as mãos, pegaram seus carros e foram para onde foram destinados: para longe.

É o alvoroço da ida, da despedida, do tchau infinito, das coisas deixadas para trás... Não existe leveza do ser hoje, só existe a vontade de ficar.



[Mas não fico.]

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

06/01/09 é só saudade.

Existem coisas bonitas lá fora, eu sei.
Existem coisas bonitas dentro de você também. Eu sinto.
Um mundo interior que brilha quando surge um sorriso ímpar, o único verdadeiro. Nunca o vi de verdade ao vivo, mas o vejo nos meus pensamentos, nos meus sonhos.
Hoje a lua está quase cheia e não me lembro de tê-la visto tão bonita. E é assim que eu vejo cada centimetro seu, na mais pura leveza do ser.
Ergue seu corpo, aprende a voar.Abre os olhos, aprende a enxergar.

Às vezes você sente?

São 1,1 batimentos por segundo, 4.200 por hora, 100.800 por dia e todos são por você existir. Quer mais prova de que eu tenho necessidade dos seus sorrisos, dos teus futuros e desconhecidos abraços e, quem sabe, até da sua paz?

nunca foi tão fácil amar alguém.

Carta escrita dia 29/12/09

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

um estranho no ninho

Vou embora, vou pra outro lugar onde posso me encontrar. Vou onde possam me ajudar a encontrar meu eu perdido no meu submundo, eu vou e quero mesmo permanecer com a minha sanidade intacta. Não quero me perder por aí agora.

Agora não.

Pode não ser a hora, pode não ser o momento, mas acontece que ele apareceu tão inesperado quanto meu nome na lista dos aprovados, quanto a vida que surgiu em mim, quanto o medo que de mim tomou conta. Ele me colocou no colo, cantou uma música e esperou que eu dormisse e acordasse lá, naquela cidade do interior, com tantas pessoas sorridentes e dispostas a viver tão claramente, sem nenhum desafeto e sem nenhum peso na alma; tantas pessoas que nem dali são, mas estão lá para trazer a vida àquela praça que funciona aos domingos, aquela praça a qual vou pertencer...

Não sei bem o que é ser o desconhecido, o filhote de cachorro no meio dos gatos, uma curiosidade, um ponto verde no meio do amarelo... São tantos ponto verdes para mim também.

Vou chorar com saudade de casa, mas também vou chorar por medo do mundo. Eu tenho medo do mundo, sempre tive, mas é ele que vai ser meu pai agora, é ele que vai me ensinar a viver do jeito mais difícil, do jeito que tem que ser. Segura a minha mão, pai, me leva...

Eu vou atrás do meu eu.