terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

blue

Agora qualquer desculpa boba é desculpa suficiente para pousar um cigarro entre os dentes. Ando triste, querido amigo, ando triste... e são nos meus momentos tristes que eu busco afago nos braços do meu cigarro. Quanto mais fumo, mais triste estou. Será moda estar triste? O que foi que as obsessões fizeram com a gente? Os vícios diários, alguns embasados na infância, alguns criados ou reproduzidos pelo envolvimento com o mundo a redor. Alguns vícios são suplícios de salvação. "Vem, me ajuda aqui, eu não sei fazer sozinha o que estou designada a fazer", nem em mil anos vão entender o que os pequenos vícios significam. Alguns fumam incessantemente seus cigarros, outros tentam fugir da realidade apática usando suas drogas ilícitas, outros vivem em simbiose com seus aparelhos celulares ou com o computador, alguns outros comem, outros dormem.

Ando triste, sabia? Mas por quê? Eu tenho de tudo, tenho meus amigos e minha mãe anda me sustentando enquanto eu viro parasita da universidade. Finjo viver a rotina que cada vez mais se desenvolve em mim em forma de psicose. Quando foi que eu esqueci quem eu era? Qual foi a hora que eu me perdi de quem eu era? Enquanto uns tantos vivem sua vida de forma mágica, eu só tenho medo de viver. Escondo-me atrás das almas desconhecidas em cadeiras enfileiradas, atrás dos meus óculos escuros, dentro do carro com os vidros fechados, atrás do meu cigarro e atrás do amor que eu finjo sentir.

Mas enquanto eu tento tirar a nódoa da minha alma, vou matando a cada instante meu corpo, tentando suportar a dor e a ânsia de não ser eu.

Desculpa, amigo, se te perturbo tanto com essas conversas que de nada falam de mim e sim de uma pessoa que se perdeu no caminho pra cá.