domingo, 27 de janeiro de 2013

além-mar

Tenho dormido tarde da noite, não por insônia ou por vontade própria, mas acho que por uma força maior que me faz passar horas pensando na minha vida. Que egoismo o meu pensar apenas na minha própria vida. Analisar suas próprias ações, tentar domar suas próprias emoções e aceitar todos os seus defeitos e viver bem com eles... é meio difícil. Tentar lidar com a ansiedade que aperta o pescoço todo santo dia, em situações que ela seria melhor engaiolada num lugar escuro; tentar manter a calma enquanto seu corpo todo treme enquanto seu cérebro te manda agir ou fugir, na tentativa precária de buscar abrigo no sossego; é tentar me calar quando no fundo eu quero gritar, gritar no ouvido de quem não me escuta direito, falar o que de mais bonito existe no âmago, nas vísceras.
Durmo tarde tentando fugir do dia, pois quanto mais tarde se dorme, mais tarde se acorda. Estou me proibindo de ver o sol nascer, por mais bonito que ele seja.
Porque quanto mais eu durmo, mais eu sonho, mas são sempre sonhos secos, desesperançosos, opacos - correspondentes a vida do lado de fora da cabeça.
Durmo para não ter essa esperança eterna que jura ser minha, que nunca vai embora e me acorda todos os dias... Olhar o mundo com esperança é até bonito, mas dói como um corte de papel no dedo.
Mas quando vou dormir, dou beijo na minha esperança, no meu coração cansado e nas pessoas a quem detenho tanto amor... Não merecem.

Quais seriam as vantagens de dormir além?